ANALISE DO FILME: VIVEIRO (nota geral e analise)
Ficha tecnica:
Titulo: Vivarium (Original)
ano: 2019
Dirigido por: Lorcan Finnegan
Duração: 97 minutos
Gênero: ficção científica
Sinopse: Enquanto procuram pela casa ideal para que possam morar juntos, um casal se vê preso em um complicado labirinto feito de moradas idênticas entre si. Quando eles percebem que o local não é nada do que imaginavam, pode ser tarde demais.
Tenho que dizer, quando o filme acabou e eu e meu namorado nos olhamos para dizer nossa opinião, tivemos que concordar em uma coisa: DECEPÇÃO.
O filme não é ruim, não me entendam mal. Logo no começo, nas primeiras cenas vemos algumas coisas referentes a como o filme termina, e eu gosto quando os longas possuem essa mecânica, torna tudo bem estruturado e interessante.
Eles nos fornecem várias informações sobre o que os cerca, mas não responderá todas as suas perguntas, é realmente um filme sem final de fato, acredito que a ideia tenha sido fazer algo perturbador, agoniante, e vago, exatamente para você continuar se questionando “que porra está acontecendo aqui?”.
Minha nota para o filme cerca entre 4/10 e 5/10. Há 3 cenas em específico que me ganharam de fato, mas infelizmente 3 cenas de 1h e 37min realmente é desanimador.
Pontos positivos e pontos negativos:
A ideia do filme em minha opinião é genial. A ambientação é impecável. A direção fotográfica esplêndida. Os atores estão de parabéns, não tem o que reclamar. O modo como tornam um espaço tão aberto claustrofóbico é sensacional.
Meu único problema foi na construção da trama. Tinha potencial para fazer coisas grandes, mas você passa o filme todo numa monotonia (que foi uma das coisas que gostei) sem quase nenhuma mudança, porém sabendo todo o filme acredito que poderia ter sido incluído muitas coisas melhores, pois o filme só se tornou cansativo.
Analise geral (com spoiler)
Começamos o filme presenciando a cena de uma criança vendo um pássaro morto, então a protagonista feminina, Gemma conta a ela a história do cuco e como eles fazem para sobreviver. Nisso entramos também na cena de apresentação do protagonista masculino, Tom, onde o mesmo enterra o passarinha com as suas próprias mãos.
Até o momento sabemos que eles são um casal a procura de uma casa para começar sua família. Busca que os leva direto a uma loja de venda de casas em plantão com a proposta de morar na terra dos sonhos.
Convencidos pelo vendedor vão direto visitar a casa. Não fugiu de minha percepção, que o condomínio de casa, nem tão perto e nem tão longe é estranhamente bizarro, a primeira coisa que podemos notar de fato são as nuvens paralisadas ao céu azul. Pequenas nuvens perfeitas paralisadas.
Outros fatores também são muito perturbadores, como o fato de todas as casas idênticas, com a mesma cor verde-abacate e a decoração da casa com retratos dos próprios cômodos da casa causa desconforto no telespectador.
As coisas mais bizarras então começam a acontecer quando o vendedor lhes mostra toda a casa, e ao chegar no cômodo que seria para um filho, ele pergunta ao casal se tinham filhos. A jovem educadamente responde que ainda não e então o vendedor assume uma voz diferente a imita perfeitamente a fala da mulher.
A próxima parte que visitam é a área atrás da casa, onde o vendedor os mostra o terreno completo e simplesmente vai embora, deixando-os ali, dando início a trama do filme.
O casal é mantido preso no condomínio. Tentam ir embora de carro, mas ficam em um looping de voltas sempre parando em frente a casa 9. Depois inúmeras tentativas eles acabam recebendo uma caixa de mantimentos. Surtados e em pânico, queimam a casa, mas por alguma razão, nada acontece ao imóvel, pois na manha seguinte ela está em pé, intacta e com uma nava encomenda: um bebê!
As regras eram: Fiquem ai e criem a criança.
Dias se passaram e sem escolha, ambos criam a criança, que por sua vez cresce tão rápido quanto um cachorro. Em apenas 97 dias a criança recém-nascida agora tinha o tamanho de uma criança de 10 anos.
Os dias se passam e a loucura, a depressão se fazem presentes. Criar uma coisa que visivelmente não era humana enquanto estavam afastados a força de uma civilização, comendo sempre as mesmas coisas, enquanto tudo que lhes resta é observar o garoto sendo insuportável com manias não convencionais, como: gritos agudos e estéricos ou imitações perfeitas de ambos. Chegamos em um ponto em que o homem até tenta matar a criança algumas vezes mas a protagonista o impede, pelo receio da morte de uma criança, independente de ser humana ou não.
Acontece até mesmo do garoto conseguir realmente transitar dentro do condomínio sem se perder no looping, encontrar alguém e voltar a casa com um livro, o qual não está escrito em nenhuma língua que estamos familiarizados, o que deixa o garoto intrigado em lê-lo e assistir as imagens repassadas na televisão como uma forma de código ou linguagem não humana.
Enquanto a mulher tem passado seu tempo seguindo o garoto e tentando entender em que estão metidos, o Tom apenas descobre que terra e diferente e decide então cavar, cavar um buraco praticamente sem fim. Não acredito que ele realmente estivesse com alguma esperança de sair daquele lugar, mas sim tomado pela ansiedade e depressão, se prender naquilo realmente trouxe um ar de humanidade ao personagem. Suas loucuras foram bem retratadas.
O filme restrata um pulo no tempo e em um ano o garoto se tornara um jovem rapaz. Que por sua vez está mais sério e calado do que antes. Mas algo que realmente eu não esperava era ver nosso protagonista doente e enferma, e mesmo assim sendo trancado para fora da casa com sua esposa. Os dois passam dias e noites do lado de fora onde Tom vem a falecer, dando a oportunidade para, em minha opinião, a melhor cena do filme: O jovem retorna para a casa com um saco para cadáveres, Gemma então tem uma reação espetacular, sua feição de nojo, pânico, pavor é incrível. E mesmo com sua reação, o garoto passa por ela indiferente, coloca Tom no saco e o joga no buraco que ele mesmo havia cavado por todo esse tempo.
Sem rumo, perdida e sozinha, Gemma Traça um plano de tentar matar o jovem. Atingindo-o com um golpe na cabeça, assustando-o que sai correndo como um quadrupede, puxa a calçada com amão como se fosse feita de massinha, e entra em um buraco. Rapidamente a mulher segura a calçada e o segue. Somos puxados na melhor parte da trama, onde Gemma se vê sendo engolida, arrastada e cuspida pelas paredes e chão de várias casas como a dela, vendo outras crianças e outras famílias passando pelo meno que passara como uma espécie de sonho, tudo em tons distorcidos e sensação de pesadelo, até que é jogada novamente para a casa 9 onde esteve o último ano inteiro.
O jovem então a coloca também em um saco de cadáver, a joga no buraco juntamente ao corpo de Tom, e em um passe todo o buraco se fecha, tornando se o jardim inicial sem nenhuma alteração. O acompanhamos sair da casa com o carro do casal e ir até a loja que fomos apresentados inicialmente. O vendedor, que antes estava jovem, agora tinha uma aparência decrepita, ao fim de sua vida. Recebendo o crachá, o rapaz se veste para o trabalho, coloca o homem velho também em um saco como os outros, dobra e coloca em um gaveteiro de arquivo, sentando-se então na cadeira de vendedor tomando logo seu lugar a espera de mais um casal para continuar o ciclo.
Podemos perceber a relação da trama inteira com a história do cuco contada na primeira cena, e acreditamos que “viveiro” representa bem a ideia do casal ser tomado para cuidar de uma criança em lugar que aparentemente é realmente um ninho de alguma coisa.
Escrito por Lucas E. B. Pereira 02/02/2023.
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